Tristezas, obsessões e frustrações
pessoais ganham formas e cores, em angustiantes representações, nas
telas do pintor norueguês Edvard Munch (1863 – 1944). Sua obra abriu
caminhos para o desenvolvimento do Expressionismo, movimento artístico
concentrado na Alemanha entre os anos de 1905 e 1930, que é conhecido
como a arte do instinto. Van Gogh, com suas técnicas e cores
extraordinárias, foi um dos grandes inspiradores para os pintores
expressionistas. No Expressionismo, a subjetividade ganha contornos
dramáticos nas pinceladas, os sentimentos ganham nova plasticidade. O
amor, o medo, a solidão, o abandono, entre outros flagelos da humanidade
são significados sob a estética da dor e dão a noção exata de que,
nesse movimento, os valores emocionais se sobrepõe aos intelectuais.
As telas de Munch eram o espaço para manifestação de suas dores, de
suas emoções. Era a sua forma de se comunicar com o mundo. O artista
buscou transmitir com a sua arte suas mazelas psicológicas que aparecem
em cores vibrantes, fundidas ou separadas. Próprio do Expressionismo, as
técnicas e os materiais utilizados: pasta grossa, áspera, cores fortes,
o movimento do pincel num vai e vem violento provoca “explosões” onde o
patético, o trágico e o sombrio se desvelam criando uma atmosfera de
vitalidade, de dor, de realidade. O seu modo de pintar era pessoal,
intenso... Apaixonado.
A tela apresenta uma figura humana com
linhas sinuosas, que nos dá a dimensão exata do desespero de um sujeito
que se contorce sob o efeito de sua dor, de suas emoções. As linhas
sinuosas também estão presentes no céu, na água. A linha diagonal da
ponte direciona o olhar do espectador para a boca da figura que se abre
num grito perturbador. A sensação é de querer extravasar a nossa dor
junto com esse sujeito que sofre, que sente, que se desespera. Gritamos
com ele.
O que espantou os críticos
alemães do fim do século XIX foi que o pintor norueguês não pintava o
que via, mas “exprimia o que atormentava sua alma”. O próprio Munch
revelou que pintava os traços e as cores que afetavam o seu olhar
interior. Ele pintava de memória sem nada acrescentar, sem os pormenores
que já não via à sua frente. Talvez seja essa a razão da simplicidade
das suas telas, do seu óbvio vazio. Ele pintava as impressões da sua
infância, trazia as cores de um dia esquecido.
Edvard Munch não foi reconhecido na França como um grande pintor. Na
verdade, era considerado, inclusive pelos demais artistas, resultado de
uma arte alemã de má qualidade. Como não foi aceito no berço
impressionista, Munch retornou para a Noruega. Lá também não foi bem
recebido. Decidiu ir para a Alemanha, em 1901. Lá suas obras tiveram um
impacto positivo e, em Berlim, ele preparou a famosa série “O Friso da
Vida”, definida por ele como “um poema de vida, amor e morte.”
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