sábado, 5 de setembro de 2015

O Grito de Eduardo Munch


Tristezas, obsessões e frustrações pessoais ganham formas e cores, em angustiantes representações, nas telas do pintor norueguês Edvard Munch (1863 – 1944). Sua obra abriu caminhos para o desenvolvimento do Expressionismo, movimento artístico concentrado na Alemanha entre os anos de 1905 e 1930, que é conhecido como a arte do instinto. Van Gogh, com suas técnicas e cores extraordinárias,  foi um dos grandes inspiradores para os pintores expressionistas. No Expressionismo, a subjetividade ganha contornos dramáticos nas pinceladas, os sentimentos ganham nova plasticidade. O amor, o medo, a solidão, o abandono, entre outros flagelos da humanidade são significados sob a estética da dor e dão a noção exata de que, nesse movimento, os valores emocionais se sobrepõe aos intelectuais.
As telas de Munch eram o espaço para manifestação de suas dores, de suas emoções. Era a sua forma de se comunicar com o mundo. O artista buscou transmitir com a sua arte suas mazelas psicológicas que aparecem em cores vibrantes, fundidas ou separadas. Próprio do Expressionismo, as técnicas e os materiais utilizados: pasta grossa, áspera, cores fortes, o movimento do pincel num vai e vem violento provoca “explosões” onde o patético, o trágico e o sombrio se desvelam criando uma atmosfera de vitalidade, de dor, de realidade. O seu modo de pintar era pessoal, intenso... Apaixonado.

A tela apresenta uma figura humana com linhas sinuosas, que nos dá a dimensão exata do desespero de um sujeito que se contorce sob o efeito de sua dor, de suas emoções. As linhas sinuosas também estão presentes no céu, na água. A linha diagonal da ponte direciona o olhar do espectador para a boca da figura que se abre num grito perturbador. A sensação é de querer extravasar a nossa dor junto com esse sujeito que sofre, que sente, que se desespera. Gritamos com ele.
O que espantou os críticos alemães do fim do século XIX foi que o pintor norueguês não pintava o que via, mas “exprimia o que atormentava sua alma”.  O próprio Munch revelou que pintava os traços e as cores que afetavam o seu olhar interior. Ele pintava de memória sem nada acrescentar, sem os pormenores que já não via à sua frente. Talvez seja essa a razão da simplicidade das suas telas, do seu óbvio vazio. Ele pintava as impressões da sua infância, trazia as cores de um dia esquecido.
Edvard Munch não foi reconhecido na França como um grande pintor. Na verdade, era considerado, inclusive pelos demais artistas, resultado de uma arte alemã de má qualidade. Como não foi aceito no berço impressionista, Munch retornou para a Noruega. Lá também não foi bem recebido. Decidiu ir para a Alemanha, em 1901. Lá suas obras tiveram um impacto positivo e, em Berlim, ele preparou a famosa série “O Friso da Vida”, definida por ele como “um poema de vida, amor e morte.”

Nenhum comentário:

Powered By Blogger